Onde, os pássaros? Em que lugar se acolhem, se guardam, os pássaros aqui? Onde, que ninguém os vê, os ouve, lhes pressente os ninhos? O voo. Para onde fugiram? Quem os matou?
Foi ontem, foi ontem talvez, ainda ontem viam-se verdilhões, bando grosso a afogar de supetão os quintais. Os verdilhões ao assalto! A rirem-se dos espantalhos. A rirem-se de nós. E as abetoninhas, aves peregrinas, no Inverno a pintarem de branco os campos, penacho a despontar na erva. Petos reais, gaios. Tordos.
Os tordos! Os tordos em bando tapavam o Sol. Ao entardecer irrompiam em nuvens irrequietas, em redemoinho, em furacão. Tempestade de asas no céu, tormenta a anunciar o bom tempo.
Os melros, metálica plumagem negra, incendiado bico amarelo, estremunhavam os silvados. Havia pintassilgos, pintarroxos, carriças, irrequieto saltito no medronheiro. Havia corvos, poupas, galinholas, pegas. Canto de rouxinol. Havia piscos.
E os pardais?! Onde se escondem os pardais que iluminavam as tílias no jardim?
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