Dei-lhe um livro dos meus, em troca prometeu-me um retrato: eu e a minha mãe, passeando.
As semanas passaram-se, às vezes nos cruzávamos Então? Calma, não se esquecera, dizia-me de fugida com os olhos. Como a percebia: os artistas têm um tempo próprio.
No último sábado, nova insistência. A resposta de sempre. Passados instantes, o prometido desenho. Cumprido num ímpeto de traço único!
Muito para além dos humanos passeantes, retratado estava o sábado, aquele sábado: luminoso, vento de arrepiar o sol, nuvem a flutuar sobre as nossas três cabeças. Como se no mundo não houvesse mais nada. Mais ninguém.
E haveria, Joana?
Augusto Baptista