©AB
Indo aos factos, em 2008 publiquei e ofereci um livro de tangram 2 ao Marcos Cruz, meu amigo e companheiro de lides jornalísticas. Mais tarde, o Marcos emprestou a obra ao André, este a braços com a campanha gráfica do festival Primavera Sound-2013, urdida sob a égide do velho jogo com matriz oriental. O percurso dos livros e a cumplicidade com o tangram tornaram imperativo o nosso encontro, agendado para depois da lufa-lufa do festival. E após o nascimento de Aurora, a menina dos olhos de André. A conversa cumpriu-se no Porto, em Agosto, dia seis.
Texto:
Augusto Baptista
Optaste por recorrer ao tangram, como resposta ao exigente desafio
gráfico do último Festival Primavera Sound. Como te ocorreu a ideia?
A ideia surgiu-me pela necessidade de ter uma ferramenta de trabalho flexível, com múltiplas hipóteses visuais. E da feliz coincidência de haver sete notas básicas na música e o tangram ter sete formas, sete peças. O tangram é um sistema gráfico, um jogo visual que permite estabelecer um paralelo com a música.
E que permite múltiplas abordagens.
A ideia surgiu-me pela necessidade de ter uma ferramenta de trabalho flexível, com múltiplas hipóteses visuais. E da feliz coincidência de haver sete notas básicas na música e o tangram ter sete formas, sete peças. O tangram é um sistema gráfico, um jogo visual que permite estabelecer um paralelo com a música.
E que permite múltiplas abordagens.
O festival é muito grande,
tem centenas de materiais gráficos, centenas de aplicações, de derivações. Nunca
se pode, num trabalho destes, dizer simplesmente, vou fazer um cartaz para o festival. Não é possível, não há um cartaz,
há vários cartazes, vários livros, brochuras. Com a internet então há muitas
aplicações diferentes e há necessidade de criar um sistema flexível, uma
família gráfica. E o tangram apareceu como solução, ferramenta mais do que
testada, mais do que experimentada, e excelente para trabalhar o que eu queria.
Em miúdo tiveste contacto com o jogo?
Porto/Av. Boavista @AB |
Tive, mas, honestamente, nunca
lhe dei muita importância. Conhecia, não tinha proximidade.
O meu amigo Marcos Cruz disse-me ter-te emprestado os livros que eu
publiquei sobre o tangram, concretamente o TangramArt. Isso ajudou-te no
trabalho?
Ajudou bastante. Quando
tomei contacto com o livro já tinha decidido o caminho a seguir, já tinha
escolhido o tangram como solução, já tinha inclusivamente feito alguns
materiais. Em conversa, o Marcos lembrou-se do teu livro, que eu já conhecia
mas não o tinha, e emprestou-mo. Foi uma ajuda, na medida em que eu sou um
aprendiz no tangram. Na música tenho destreza técnica, no tangram não tinha.
Acho que são precisas muitas horas a brincar com o jogo, a experimentar, a
errar, a fazer; são precisas muitas horas para conseguir dominar a ferramenta.
O que o livro conseguiu foi abrir-me o espectro de soluções à minha disposição.
Eu estava a cair, por inexperiência, sempre nos mesmos caminhos. O livro, pela
diversidade, abriu-me o leque de opções e foi uma peça importantíssima no
desenvolvimento do resto da identidade do festival.
Após o festival, do que te foi dado ver e perceber, achas que – no teu
grafismo – as pessoas identificaram o tangram?
Voltando atrás, podia ter
escolhido inúmeras outras soluções gráficas Podia eu próprio ter criado um
jogo. O meu raciocínio foi: isto é um festival, é popular (apesar de ter um
carácter independente, música alternativa, é popular), é para massas (talvez
mais formadas, com algum conhecimento, porque é uma música mais específica,
mas é para massas), se houver um
reconhecimento formal do que está ali, melhor. As pessoas identificam-se e
aderem mais facilmente, aquilo chama-lhes mais a atenção, faz um clic para algo
que elas já conhecem. E tal aconteceu com o tangram. Por isso não criei uma
coisa nova, que ia demorar muito mais tempo a ser conhecida ou reconhecida. O
que aconteceu com a utilização do tangram, acho que ninguém ficou sem saber o
que era, o que aconteceu foi haver gente a falar-me no origami, Ah, vi o teu origami, e eu corrigia
sempre, É tangram, origami é outra coisa.
@AB |
As pessoas estão mais familiarizadas com o origami.
Muita gente falava no
tangram, mas o origami talvez esteja mais presente no imaginário colectivo.
Outra coisa curiosa que aconteceu foi muita gente pela internet, muita gente
que eu conheço, começar a enviar-me coisas que ia vendo. Por exemplo, no meu
aniversário, enviaram-me um bolo feito de tangram, o que é engraçado. Começaram
a associar o jogo a coisas do quotidiano. Era o que eu queria também, o que
indica haver ali um reconhecimento, Ok,
isto é uma ferramenta, isto é um jogo que permite brincar com tudo. Podemos
construir palavras, letras, com as formas do tangram. Que isso foi uma das
abordagens que eu não fiz, mas quem sabe para o ano posso explorar mais a
questão de construir letras com as formas do tangram. Pode-se fazer tudo. São
ilimitadas as hipóteses que o
tangram nos abre. E as pessoas reagiram muito bem.
@AC |
@AC |
Em termos de jogo, o tangram é apresentado em silhuetas monocromáticas,
frequentemente numa conjugação minimalista, preto e branco. Tu foste para a
explosão colorida: amarelos, vermelhos, rompeste com o classicismo, com a tradição.
Também as tuas figuras, pelo menos as que apareceram, não obedecem ao
figurativismo costumeiro, nem propõem problemas, não propõem enigmas para
resolução. Foste para uma desconstrução do jogo e, no fundo, libertaste-o de
regras, de objectivos. Um tanto: sendo tangram, deixou de o ser. Um percurso
transgressor?
A explicação para isso é a
irreverência de muita da música que é tocada no festival. Se eu me limitasse às
soluções clássicas do tangram não me ia sentir bem com isso, ia reproduzir
algo, ia dizer algo de uma forma mais serena, mais conservadora. E não era esse
o objectivo. Quem conhece o festival entende bem, isto não se limita a ser um
festival de Verão, é uma experiência com um lado lúdico, as pessoas são bem
tratadas mas também são postas à prova, são questionadas ao visitarem o
festival. Foi isso que eu procurei explorar visualmente com o tangram.
Tive a preocupação de fazer
uma coisa: nenhuma das formas que
usei é rígida, ou seja, nenhuma tem linhas rectas. Pintei à mão as formas, sem grelha.
Comecei por fazer a base: o quadrado formado pelo tangram. Era a única grelha
que tinha. E ali pintei livremente as formas do tangram. Foram essas as peças
usadas, peças mais toscas, mais livres, menos rígidas. Depois aparece o lado da
música, o modo como eu as conjuguei é livre, é... Ninguém me impede de conjugar
um dó com um dó sustenido, ou um dó com um si, que dá uma dissonância, não há
regra que me impeça de fazer isso.
Tive exactamente o mesmo
pensamento com o tangram, ou seja, não há regra que me impeça de pôr uma peça
por cima de outra, criar uma segunda cor pela sobreposição das duas formas de
tangram. Isto para um festival indie, alternativo, é uma coisa interessante,
mais rica do que a solução óbvia e rotineira. Não estou a dizer que o meu
festival é espectacular, mas quase todos os festivais de Verão têm imagens
pobres, muito ligadas às marcas que os patrocinam. E aqui conseguimos fazer uma
coisa mais interessante, mais lúdica.
@AC |
@AC |
A meio do processo fui
acusado de plágio porque houve alguém na Coreia que usou o tangram para fazer
uma coisa para música e, curiosamente, as cores eram semelhantes. Que culpa tenho
eu disso. Eu não conhecia aquele trabalho. O jogo é universal, não tem patente,
qualquer pessoa pode usar o tangram. Aquilo que estava feito não tem nada a ver
com o que eu fiz. Agora, para quem não conhece, para quem não tem informação
sobre o que é o tangram, se calhar cai nesse pensamento. Quanto às figuras,
pareceu-me mais interessante fugir a conjugações já formuladas por outros e
partir para um caminho mais livre.
O jogo interessa-te como ponto de partida para derivas criativas, não
como enunciação de problemas para o destinatário matutar, para descobrir como
aquilo se resolve. Aliás, se não erro, algumas das tuas figuras integravam mais
do que sete peças e todas as figuras denunciavam as junções...
Eu a dada altura tive de
fazer uma grelha. Houve uma grelha com um tamanho enorme para poder ali
articular as formas do tangram com algum nexo. Senti necessidade disso para
alguns materiais, para outros foi liberdade total e foi alongá-los, sempre sem
distorcer, aumentar uns, reduzir outros, ou seja, uma anarquia em relação às
regras do jogo. Exactamente como na música, as sete notas derivam em inúmeras
coisas: posso tocar um dó durante meia hora e no meio usar outras notas e sobrepô-las
e quebrá-las. Há liberdade. E é essa liberdade que, para mim, tem mais
interesse na música. Tentei passar isso para o tangram, para o modo como o
usava.
@AC |
Pensando no que pode acontecer
num festival em termos musicais, desde improviso, ruído, harmonia, melodia, ritmo, pensando em todas as
hipóteses musicais que possam surgir num festival deste género. Eu tentei
transpor isso para o papel, para o campo gráfico. E o tangram foi a melhor
coisa que me pareceu para poder fazer esse exercício.
De qualquer modo tu, estritamente num triângulo ou num quadrado, não
vês um dó, um ré, um mi... Ou vês?
Não. Pensei em fazer isso,
pensei em ser rigoroso a esse ponto. Mas não ia ganhar nada. Um dó pode ser um
dó tocado na escala dos graves, uma oitava acima..., e o mesmo dó pode assumir
vários graus, e do grave ao mais agudo. Era difícil estar a fazer isto,
rigoroso, num tangram. E não me pareceu que desse melhor resultado, ou mais
consistência à ideia.
Pelo que percebi tencionas - ou pelo menos admites - reincidir?
Admito. Mas acho que não
depende de mim, acho que há coisas a serem resolvidas. Isto também foi aplicado
em Espanha e penso que lá vamos por outro caminho. Aqui ainda está em fase de
decisão.
@AB |
Naquilo que foi esse esgaçar do jogo, das figuras, das peças, também
houve um esgaçamento de cores.
Nas cores entram os patrocinadores.
Houve uma base a ser respeitada: o laranja da Optimus. E eu procurei a esse
laranja acrescentar outras cores... ou seja, não encarar o patrocinador como um
constrangimento, mas subverter isso. Ok,
é a partir do laranja que eu tenho de trabalhar, a partir daí o que fica bem, o
que conjuga com o laranja? E foi somar cores que funcionassem em harmonia
com o laranja. Depois as peças cada uma foi assumindo uma cor. Dentro dos padrões
de tangram que eu construí, criei padrões de cor e coisas mais fluidas. A cor
foi fundamental para fazer esse exercício dentro dos padrões gráficos que eu tinha
desenvolvido.
A partir das formas criaste padrões e depois usaste as cores também para
baralhar, para tornar mais despenteada a composição?
Em alguns materiais eu quase
criei percursos. Em Lisboa, havia um expositor com trezentos metros, uma coisa
gigantesca, em que aí, como tinha mais espaço, pude brincar mais. Com uma base
de tangram amarelo, criei percursos com cor, dando às forminhas do tangram
cores diferentes. E aquilo abria caminhos, feixes de cor dentro daquela base. A
base era sempre a mesma: uma grelha criada pelo tangram; a cor é que permitiu
criar padrões diferentes.
Relativamente ao tangram, já como jogo para miúdos e adultos, o tens em
boa conta? Por outras palavras: vais dar um tangram à Aurora?
Sim, sem dúvida darei. Quando
ela tiver idade para brincar com o tangram, de certeza absoluta darei, pelo
lado desafiante de formulações mentais e pela capacidade de visualização do
espaço e de construção figurativa. Nós temos uma amiga com uma filha de dois
anos e o tangram, através do trabalho que eu fiz para o Primavera Sound, passou
a ser para a miúda um jogo inseparável. Ela passava com os pais na Avenida da
Boavista, via os patinhos do André, era o que ela dizia quando olhava para o painel,
depois percebeu que podia fazer os patinhos dela, ou o que quer que fosse, com
a ajuda do pai e da mãe. Para ela foi incrível. Ela que não brincava com o tangram
passou a fazê-lo. É engraçado saber que contribuí para que aquela pequeníssima
pessoa tivesse contacto com o tangram. Certamente há mais casos, acabamos por
ter um leque reduzido de contactos. Este trabalho teve muita visibilidade no
pais todo, e com a internet foi divulgado por todo o lado, é difícil perceber o
impacto.
Uma boa recompensa por teres trazido o tangram para a rua?
Foi importante para mim que
as pessoas percebessem que aquilo era tangram, eram as peças do tangram, mesmo
sendo pintadas, mesmo sendo uma desconstrução, foi importante que se percebesse
que a base de toda aquela comunicação vinha de um jogo chinês com duzentos
anos. Isso foi importante e isso passou, penso eu.
Jogo antigo, mas actual, contemporâneo.
O que teve muito peso na
escolha do tangram foi a sua riqueza de opções. Com tangram podemos fazer desde
padrões, a tipografias, casas, cidades. Podemos construir tudo com estas peças
geométricas. Sem que nenhuma das peças tenha curvas, podemos fazê-las, ou pelo
menos podemos induzi-las, como é mostrado nos teus livros. Essa riqueza é
fascinante. Num mundo em que tudo tem de ser complexo, tudo tem de ser
sofisticado, tudo tem de ser high tech, é incrível como estas coisas são realmente
um resumo da vida, a simplicidade.
@AC |
Notas
1.
Tangram é um velho jogo de origem chinesa
formado por sete figuras geométricas (cinco triângulos, um quadrado, um
paralelogramo), que se podem conjugar em composições muito diversas. Estas
composições, publicadas em silhuetas com ocultação das linhas de contacto, para
além da poética visual que carregam, são enigmas para os destinatários recriarem
com as peças do puzzle. Enquanto jogo, o tangram pressupõe a utilização das
sete figuras na composição de cada problema, deitadas e sem se sobreporem. Com
tangram, provadamente, Napoleão entreteceu o tempo de exílio na ilha de Elba. Com tangram miúdos e
crescidos hoje continuam, nas asas do jogo, uma viagem de séculos.
2.
Sobre o tema, publiquei: TangramArt,
TangramDesign, TangramCats, Tangram-Humanas Figurações.
Entre o design e a música
- confissões de André Cruz
@AB |
Tenho 32 anos, nasci em 1981, filho de pais jovens, inteligentes, que me ajudaram a perceber o mundo. Nasci no Porto, em Cedofeita, vivi em S. Pedro da Cova, terra mineira, até aos 12 anos, que o meu pai é de lá. Depois fui viver para Ovar. Aos 18 anos voltei ao Porto, para estudar design gráfico.
Desde muito cedo comecei a
tocar e a ter um interesse enorme na música. E achei que ia ser músico, até
perceber que estava em Portugal. Quando percebi onde estava, optei por fazer as
duas coisas, design e música.
Sempre tive um grande
interesse nas artes visuais, induzido pela música: em miúdo ficava horas a olhar
para as capas dos discos de vinil dos meus pais. E fui parar ao design gráfico
em consequência da música. Decidi tirar o curso de design gráfico e, paralelamente,
continuar a tocar. E foi até depois do curso tirado que tive, se é que se pode
chamar assim, alguma notoriedade com uma banda: Sizo. Tocámos em festivais:
Paredes de Coura, lá em baixo no Optimus Alive. Tivemos um pequenino começo com
alguma notoriedade e depois o volume de trabalho em design gráfico aumentou e
comecei a deixar de ter a mesma disponibilidade. Preferi acabar com a banda do
que arrastar uma coisa que não me estava a dar prazer.
Uma vez formado em design
(na ESAD, Escola Superior de Artes e Design, Matosinhos), ainda estive um ano
parado, a perceber o que ia fazer. Concretizei alguns trabalhos como freelancer. Trabalhei na R2Design,
depois na Experimenta Design, na Bienal de Design, em Lisboa, depois com um professor
meu, João Faria, designer no Teatro Nacional S. João. No fim de 2006 tive um
convite para integrar a Casa da Música e trabalhar com o Stefan Sagmeister,
autor que desenvolveu a identidade gráfica da Casa da Música. Na altura eu
tinha 25 anos e achei que aquilo era óptimo para mim, e foi óptimo para mim,
claro. E estou na Casa da Música desde
então. O Stefan é uma rock star
do design gráfico, uma figura muito conhecida no design de autor, numa vertente
artística, mais de trabalho pessoal.
Além da Casa da Música tenho
tido trabalhos paralelos: só concretizo os que me dão gozo, como o caso do
Primavera Sound. E também faço música.
Quando entrei na Casa Música,
a música audível ficou subalterna. A música visual passou a ter um papel
preponderante. Eu acho, isto é sempre um bocadinho subjectivo, acho, por muita
mágoa que tenha, ter mais jeito para a música visual do que para a música
tocada. Tenho destreza musical, técnica, não sou um compositor brilhante, acho-me
mais capaz de compor visualmente, graficamente, do que musicalmente. Esta
convicção também me ajudou a encarar a diminuição da importância da música
tocada na minha vida. Neste momento, faço música por necessidade pessoal.
Na banda, era eu que
compunha a maior parte das músicas. E também toco guitarra, principalmente. Mas
nunca fui, sei lá, um Bob Dylan: tecnicamente fraquinho, musicalmente
brilhante. Eu não tenho esse lado,
tenho o lado técnico.
Na área musical sempre fui
um autodidacta. Foi por mim que aprendi, ouvindo músicas e tentando tocar na
guitarra, dava uns toques noutros instrumentos. Mas sempre fui autodidacta:
comprava revistas que ensinavam umas coisas. Chego à música muito antes do
design, como disse. Comecei a tocar guitarrra aí com 11 anos, a ouvir Jimi
Hendrix e a tentar fazer igual.
A minha preocupação principal
é só a música. Para mim é estranhíssimo que as pessoas dêem mais importância à
letra, ao poema, do que à música. Desde muito pequeno que só ouvia a música,
não queria saber da letra. Se calhar só ouvia a música porque as letras eram
fraquinhas. Mas sempre me interessou muito mais a música do que a letra. E há
certas músicas que a algumas pessoas sem formação musical dizem muito pela
letra, que me passam ao lado. É uma deficiência minha, estou atento aos
pormenores rítmicos, aos pormenores harmónicos, aos pormenores melódicos, e a
letra é secundária. Às vezes tenho pena.
Na forma como ouço música
faço associações visuais. A música acaba por influenciar mais o design gráfico
do que o inverso. Os padrões rítmicos, os padrões melódicos são para mim muito
mais fáceis de traduzir graficamente do que o oposto, ou seja, pegar numa
imagem e representá-la musicalmente.
Curioso, enquanto na música
a letra é subalterna, dispensável, na articulação visual preciso do conteúdo, preciso
da palavra e da mensagem. Trabalhar graficamente um oi, uma palavra muito básica, muito simples, com um conteúdo muito reduzido
à partida, é um desafio. É um desafio dar expressão a este oi. É um bocadinho a poesia das formas tipográficas, embora um A
sozinho não seja tão rico como trabalhar uma frase. É como fazer vários
exercícios tipográficos com expressões, por exemplo com frases, citações de
autores. É comum fazer jogos tipográficos e aí, claramente, o conteúdo da
mensagem define o aspecto formal. Para mim é quase uma responsabilidade moral
não deixar que a estética se sobreponha ao conteúdo da mensagem.
excelente trabalho ! …passo a passo o 'teu' tangram vai expandindo-se.
ResponderEliminarParabéns pela bem conduzida entrevista!
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