free counters

domingo, 6 de maio de 2012


Nome nenhum
Olhou a parede no cotovelo do prédio, por um quase acaso. Conhecia muito bem a pequena cidade, jamais precisara saber o nome das ruas. Lançado o olhar, perdeu-se. E teimou na busca de uma placa, inscrição, referência, nomeação do lugar.
Neste entretém, deu em discorrer na ordem obtusa que nos impõe mensagens ao nível dos olhos, quando se não quer; nos obriga a catar alturas, quando se procura.
E partiu sem destino, sem rota, por avenidas, vielas. Farejou cotas altas, em muros, frontarias. Não reconheceu um nome, alguém da sua juventude, por ali pendurado. Como se uma vontade quisesse apagar da memória esse calendário, essa urgência de luta e cultura.
Talvez um quelho, esquina, umas escadas redondas, talvez um beco acolhesse a luz de um nome familiar, cúmplice. Ensaiou perguntar. Mas por ali quem passava, visivelmente, tinha mais que fazer.
In A Voz de Azeméis,  2007, Augusto Baptista

Sem comentários:

Enviar um comentário