UMA QUESTÃO DE ERRE
– Mãos ao ar!
Pouco dado a obediências, o cowboy ignorou a ordem, deu o peito às balas:
– Dispara, dispara, se és homem!
O pistoleiro ainda advertiu:
– Olha que eu atiro.
– Atira, cobardolas!
– Olha que...
– Atira!
– Poc!
O cowboy acolheu o disparo no peito, enrolou com espalhafato sobre si próprio, rebolou no chão da padaria. E ficou-se, braços abertos, mortíssimo.
Mais tarde, Luisinho a ler a prosa, indignado:
– Custava-te muito pôr um erre, custava, papá?! Sacrificavas os factos, mas acrescentavas emoção. Caramba, a história era logo outra, eu a enrolar no chão da pradaria.
Augusto Baptista
Sem comentários:
Enviar um comentário