O
homem que escalou as nuvens
Trepou montanhas, trilhou cordilheiras, subiu montes, montou picos.
Pisou toda a Terra em cota alta. Vencido o repto derradeiro, olhou o céu. E
percebeu nas nuvens, corpos fugidios, vaporosos, uma mofa libertária rente ao
Sol, a sombra a enterrá-lo no chão da cumeada.
Traquejado no desempenho das alturas, deu-se ao estudo do novo desafio.
Agachado, para não desconfiarem, aprendeu nomes, anotou rotas, analisou hábitos
e costumes, desenhou volumes, traçou planos para assaltar as aéreas e indómitas
naturezas transumantes.
Chegada a hora, ascendeu a um cabeço apropriado. Manhãzinha, entre
fiapos nebulosos, surpreendeu – iluminados – lãzudos dorsos a levitarem distraídos no baixio. Farejou os ventos,
escolheu a presa, saltou-lhe ao manso corpanzil. Interminável, a ascensão foi
depois, em colo fofo, brincadeira de menino.
In “o homem que”, Augusto
Baptista
poético, qb
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