free counters

terça-feira, 19 de junho de 2012


O homem que escalou as nuvens
Trepou montanhas, trilhou cordilheiras, subiu montes, montou picos. Pisou toda a Terra em cota alta. Vencido o repto derradeiro, olhou o céu. E percebeu nas nuvens, corpos fugidios, vaporosos, uma mofa libertária rente ao Sol, a sombra a enterrá-lo no chão da cumeada.
Traquejado no desempenho das alturas, deu-se ao estudo do novo desafio. Agachado, para não desconfiarem, aprendeu nomes, anotou rotas, analisou hábitos e costumes, desenhou volumes, traçou planos para assaltar as aéreas e indómitas naturezas transumantes.
Chegada a hora, ascendeu a um cabeço apropriado. Manhãzinha, entre fiapos nebulosos, surpreendeu iluminados lãzudos dorsos a levitarem distraídos no baixio. Farejou os ventos, escolheu a presa, saltou-lhe ao manso corpanzil. Interminável, a ascensão foi depois, em colo fofo, brincadeira de menino.
In “o homem que”, Augusto Baptista

1 comentário: