O PONTO DE INTERROGAÇÃO
Para ele, uma palavra condensava longos discursos, um sinal gráfico carregava a densidade de um romance. Era o seu modo de escrever. Em certos dias redigia uma palavra. Noutros nem isso. Tinha ocasiões em que a prosa lhe saía escorreita e avançava duas, três palavras. Às vezes, matutando, grafava uma vírgula, raramente reticências, travessões.
Uma noite, após hesitação, suores frios, escreveu um ponto de interrogação. À sombra desta dúvida, que atravessa a Literatura, a Vida, deixou-se adormecer.
Augusto Baptista
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