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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Histórias de coisa nenhuma e outras pequenas significâncias


Vida madrasta! Ele, fisicamente parecidíssimo com o patrão, na empresa não passava de um zé-ninguém. Um número, ironicamente capicua.

Resolveu vingar-se da má sorte. Gizou plano. E, por um dia, fez-se passar pelo outro. Resultou: senhor doutor para cima, senhor doutor para baixo, reuniões, salamaleques, secretárias a sacudir-lhe a caspa do casaco.

Um dia em cheio! Praticamente só ensombrado por um pequeno pormenor: “Imperdoável ele ter faltado sem justificação, senhor doutor!” – justiçava o chefe de pessoal.

Ainda tentou relativizar o caso, dar uma nova oportunidade ao homem. “Seria um grave precedente! Há normas!” – inflexível, o burocrata.

Não havia volta a dar-lhe. E teve mesmo de despedir o faltoso. Um zé-ninguém. Um número, ironicamente capicua.


In “Histórias de coisa nenhuma e outras pequenas significâncias”, Augusto Baptista

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