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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Enigma 193
Serão limos, algas, serão corais que rasgam tanto escarcéu no bico das gaivotas?
Augusto Baptista
Enigma 192
O Sansão, o zângão e o zarcão são parentes?
Augusto Baptista

terça-feira, 30 de julho de 2013

Enigma 191
O fruto da árvore genealógica tem caroço?
Augusto Baptista

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Enigma 190
A broca do caruncho tem calibre variável?
Augusto Baptista

sábado, 27 de julho de 2013

Enigma 189
A maçã que Adão trincou era Verdeal?
Augusto Baptista

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Enigma 188
Há acrimónia na cachimónia da dona Antónia, envolta sem parcimónia em água-de-colónia?
Augusto Baptista

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Enigma 187
Feitos de lágrimas, os olhos de água?
Augusto Baptista

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Enigma 186
As senhoras pintam os olhos, pintam os lábios, pintam as unhas, pintam os cabelos; o nariz não, porquê?
Augusto Baptista

terça-feira, 23 de julho de 2013

De arco e gancheta


Um sonho fatal

Com algum atrevimento face à idade do interlocutor, perguntei o que andava ele a fazer na Rotunda da Boavista, feito menino a espantar transeuntes. A resposta revelou história com contornos demorados. E um sonho fatal. Ambos com pressa, marcámos encontro para depois. 1

Texto e fotografia
Augusto Baptista



O Vitor, Vitor Manuel Pinto Matos, nasceu no Porto em 1932, tem 80 anos. Cobrador e fiscal dos STCP, 2 aí trabalhou até à reforma. Antes conheceu outros empregos: sapateiro aos 12, litografia aos 15, fábrica de borrachas depois. Neste ínterim, andou na tropa. Casou, teve filhos.
E a vida, a sua vida, seria episódio manso, não fora um acontecimento que há um ano lhe sobressaltou os dias, um sonho fatal, como ele diz. História que a seu modo conta e eu, a meu jeito, escrevo:

Nasci no Hospital de Santo António, fui criado nas Escadas dos Guindais, aqui no Porto. Aos 7 anos os meus avós e a minha mãe foram morar para Gaia e eu entrei na escola.
Por ter passado no exame da 1.ª classe, o meu avô disse à minha avó, parece que o estou a ver, “Vou comprar um arco para o pequeno”. Passei logo a ser dono de um arco, mesmo sem ainda o ter: aquilo que o meu avô prometia, fazia.
Na altura, o arco seria uma coisa cara, que eu gostava de ter um, não tinha. O meu avô deve ter feito sacrifício para mo dar. Ele era desses que andavam a carregar na Ribeira fardos de bacalhau, dos navios para os carros de bois. Vi-o uma única vez, nunca mais lá tornei. Tive pena de ver o meu avô naquele serviço.
Passado pouco tempo ele deu-me o arco. Daqueles que cantam na rua. Até aos 12 anos o arco passou a ser a minha perdição. Com essa idade arranjei emprego, fui trabalhar de sapateiro para o Largo dos Aviadores, em Gaia. Já não podia andar de arco. E, desde aí, nunca mais lhe peguei.

 

O ano passado, em Junho, o dia não me recordo, tive um sonho. Sonhei que andava de arco por aí a correr. O meu arquinho! Foi um sonho fatal. De manhã acordei e disse para a minha mulher, Vais ter paciência, vou comprar um arco. E ela, que não fazia ideia do que isso era, “Um arco?!”



Comecei a tentar saber onde o havia de arranjar. Como moro perto da Rua da Senhora do Porto, encontrei um amigo, quase vizinho, perguntei-lhe. E ele, “Ó pá, atravessas a rua de Monte dos Burgos, na esquina tem um garageiro. Vai aí.“ Nós chamamos garageiro, não sei se este será o nome próprio, a uma casa que vende e ajeita bicicletas.
Cheguei lá, aparece-me um rapaz com uma simpatia fantástica e eu, Ó amigo, vai ficar zangado, mas olhe, sonhei. Contei-lhe a história. E ele, “Já sei o que quer, espere.” Passados minutos, vem com dois aros de bicicleta, um mais largo, outro mais estreito. Aquilo nem precisa de gancheta, até com um pau se conduz. E eu, Se calhar não vou ter dinheiro. Ele ficou a olhar, e diz-me “Isso é lixo!”
Aquele aro era bom, não tinha outro, mas – também a perguntar – resolvi descobrir um melhor. “Ó pá, na Rua do Almada é capaz de ter.” Andei para baixo, para cima e, quase ao princípio, no n.º 155, encontrei uma casa, uma casa, posso dizer o nome?, Rocha & Leitão.
Apareceu-me um rapaz  muito delicado, o Helder, depois é que soube o nome, que me prometeu arranjar. Isto em Junho, só que se passou Julho, Agosto, Setembro, Outubro... Passaram-se os 4 meses, depois tive uma alegria. No mês em que fazia anos (aproveito para dizer que 7 de Outubro é o dia em que abriam as escolas antigamente), o rapaz telefonou-me “Ó senhor Vitor, o homem prometeu-me que para a semana vem o arco.”
Tinha lá um sinal, que eu dei-lhe cinco euros de sinal, cheguei ao fim e ele veio com dois arcos. E eu disse, Ó pá, isso é muito. E ele, “Um é de graça pelo tempo que isto demorou, o outro são dez euros. Deixou cinco, paga cinco.“
Hoje tenho esses dois arcos e, em casa, tenho ainda os aros de bicicleta, tenho-os lá, não os deito fora. Tenho dois arcos e dois aros.
Entretanto, um vizinho meu, reformado da GNR, Narciso, bom rapaz, viu o meu entusiasmo, fez-me uma gancheta. Depois é que me fez esta, melhor para o paralelo. No paralelo, mesmo devagarinho, o arco salta muito da gancheta para fora, custa mais.
O arco com que ando agora é igual ao que eu tive em pequenino, o toque é tal e qual. Chamam a isto verguinha. A gancheta é feita de arame de ferro. É forte mesmo. O arco vai ti ti ti ti. Faz-me lembrar, na Páscoa, as campainhas de Nosso Senhor.


Sempre que posso dou a minha volta. Tem-me feito muito bem, nunca tive problemas com as pernas, nem com nada. As pernas sinto-as mais rijas, mais pernas. Tenho dias em que não posso andar. Se for com a mulher a qualquer lado, fazer umas compras ou assim, não levo o arco. Por uma questão de depois a ter de ajudar.
Ando com o arco aqui no Porto para todo o lado. Se hei-de ir sem nada, vou com o arquito, com ele no chão. E sempre sozinho. Gostava, sinceramente, de andar com mais gente. Mas ninguém quer vir comigo. O meu filho mais velho diz--me, “Ó pai, vai ao Conde Ferreira!” O meu irmão, “Vai ao Magalhães de Lemos, pode ser que eles te dêem remédio para isso.”




Quando vou na rua, as pessoas ficam admiradas. Os da minha idade dizem-me, “Ó amigo, que saudades”. Às vezes paro, conto que tive um sonho, conto esta história. Aqueles que já têm conhecimento disto dizem, “Deixe-me dar uma volta”, Ó senhor, está aqui o arco, mas não vá para longe, que depois tenho de ir a correr atrás de si. O gajo pode fazer como o outro das fotografias, dá o kodak e, enquanto vai para ser fotografado, olha para trás e já lá não está ninguém.
Para andar de arco é preciso saber. Dá-se um lanço com a mão esquerda e a outra empurra. A técnica é talvez na mão, suponho eu. Se o arco entortar, tento pô-lo no outro lado, deve ser isso. Sinceramente, não posso dizer.
A minha ideia é andar com o arco até poder. Enquanto tiver força e vontade, ando sempre. E quando um dia me apagar, antes disso digo à mulher, Pega neste arquinho, só um, mete-o dentro do caixão. Para ir comigo. É o meu sonho, é uma das coisas que hei-de pedir. Outra é que quero ser cremado. Da maneira como isto está, vejo muita falta de respeito, as campas a ganharem ervas. Queimadinho, estou arrumado. E ao arco depois lá saberão o que lhe hão-de fazer, que eu não sei. 3




Notas
1. 16 de Julho 2013: a data deste encontro.
2. Sociedade de Transportes Colectivos do Porto.
3. Insistente, o Vitor pediu-me que nesta prosa evocasse os seus amigos de menino, velhos companheiros de arco e gancheta, que gostaria de reencontrar. O Serafim Manteiga. O Belmiro Tavares, “um rapaz que tinha uma voz fantástica”. O António, “nós chamávamos-lhe Tesinho, porque ele sofria das costas, andava sempre muito direito…” E mais dois ou três, que os anos lhe varreram o nome. Todos de Gaia, que, nas Escadas dos Guindais, Vitor não se lembra de ninguém.


segunda-feira, 22 de julho de 2013

Enigma 185
Não há joaninhas azuis porquê?
Augusto Baptista

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Enigma 184
O que apareceu primeiro: a água ou o fogo?
Augusto Baptista

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Enigma 183
Porquê os gaivotões não são do tamanho dos aviões?
Augusto Baptista

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Enigma 182
À sombra do jacarandá, um jacaré há?
Augusto Baptista

terça-feira, 16 de julho de 2013

Enigma 181
Por que razão os gorgolejos não soam como solfejos?
Augusto Baptista

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Enigma 180
Quem dá trinta e um de boca, com quantos fica?
Augusto Baptista

domingo, 14 de julho de 2013

Enigma 179
A banda gástrica toca marchas marciais?
Augusto Bsptista

sábado, 13 de julho de 2013

Enigma 178
Os anjos voam em bando?
Augusto Baptista

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Enigma 177

Quantos enigmas tem uma vida?
Augusto Baptista