QUESTÃO DE GÉNERO
Encontro de rua, troca de olhares, curtas palavras, não tarda são um par na penumbra do quarto de hotel.
Do vulto sentado no sofá a um canto, a voz:
– Despe-te!
Cumprida a nudez, a voz:
– Vira-te de lado!
Virou-se de lado.
– Do outro!
Virou-se do outro.
– De trás!
Virou-se de trás.
– De frente!
Virou-se de frente.
– Veste-te!
Em silêncio, levantou-se, saiu. Agradara-lhe a obediência, mas o corpo não era o seu género.
Augusto Baptista
Sem comentários:
Enviar um comentário