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domingo, 25 de agosto de 2024

 

UM AZUL ASSIM...

Dona Fátima chama o mestre-de-obras, dá-lhe a saber a empreitada:

– Quero que o senhor Joaquim me pinte a sala de azul. Um azul assim... fugidio, como o azul que apareceu no céu uma destas noites, um azul que nasça na sala de repente, tome conta de tudo, e desapareça depois com um rasto luminoso. Está a ver?

– Posso tentar, mas isso a bem dizer é um azul impossível.

– Eu vi-o, senhor Joaquim!

– Viu-o no céu, dona Fátima, na sala é diferente. Depois, fica-lhe por uma fortuna um azul assim. Materiais, mão-de-obra... só de tinta, quantas demãos?!

– Os pormenores são com o senhor. A mim interessa-me o azul. Quanto a custos, deixe comigo.

– Posso tentar, sem compromisso, posso tentar...

– Então tente!

– Ó dona Fátima, desculpe, e para que quer a senhora um azul assim?....

– Problema meu, mas já que pergunta... Olhe, é para ver se levada por ele eu apareço longe, feita azul, um azul assim... como o azul da minha sala. 

Augusto Baptista

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