UM AZUL ASSIM...
Dona Fátima chama o mestre-de-obras, dá-lhe a saber a empreitada:
– Quero que o senhor Joaquim me pinte a sala de azul. Um azul assim... fugidio, como o azul que apareceu no céu uma destas noites, um azul que nasça na sala de repente, tome conta de tudo, e desapareça depois com um rasto luminoso. Está a ver?
– Posso tentar, mas isso a bem dizer é um azul impossível.
– Eu vi-o, senhor Joaquim!
– Viu-o no céu, dona Fátima, na sala é diferente. Depois, fica-lhe por uma fortuna um azul assim. Materiais, mão-de-obra... só de tinta, quantas demãos?!
– Os pormenores são com o senhor. A mim interessa-me o azul. Quanto a custos, deixe comigo.
– Posso tentar, sem compromisso, posso tentar...
– Então tente!
– Ó dona Fátima, desculpe, e para que quer a senhora um azul assim?....
– Problema meu, mas já que pergunta... Olhe, é para ver se levada por ele eu apareço longe, feita azul, um azul assim... como o azul da minha sala.
Augusto Baptista
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