O Senhor Prudente
Hesitou
em ir à assembleia do clube recreativo. Hesitou mas foi. Seria uma ausência
notada, uma desfeita para a direcção.
Chegou
cedo. Prudente pôs uma máscara. E foi sentar-se na sala em lugar desafogado.
Os
sócios começaram a aparecer. Um tanto a medo distribuíram-se pelo espaço,
distanciados. Outros vieram. Cumprimentos, novidades, a sala a encher-se.
Prudente pôs outra máscara.
Sessão aberta, mais sócios a entrar, intervenções, palmas, prudente pôs outra
máscara.
Sala
à cunha, votações, braços no ar, gritos, pateadas, no colo uns dos outros já,
prudente pôs outra máscara.
Gente
a tossir, a espirrar, bebés aos berros, tudo a suar, prudente pôs outra
máscara.
Tudo abafado, a falta de ar, o que fazer?
A sufocar, lembrou-se do número de
emergência, de pedir parecer ao Ministério, ao Presidente.
Mas
era manifestamente tarde.
Augusto Baptista
Fabuloso
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